O tema guerra sempre foi
muito polêmico no Cristianismo, pois desde a Igreja Primitiva esse tema é
discutido. Alguns Pais da Igreja demonizaram o serviço militar, mas outros Pais
da Igreja defenderam a guerra justa abertamente. Devido ao culto imperial e os
sacrifícios aos deuses, a maior parte dos cristãos se recusaram a se alistar no
Exército. Os cristãos primitivos começaram a se alistar em grande número no
Exército a partir do ano 170, durante o reinado do imperador Marco Aurélio, por
causa da ameaça dos bárbaros que colocavam em risco a segurança do Império
Romano e de seus cidadãos. O serviço militar era voluntário na época em que
Roma estava em paz. Todos sabem que o Antigo Testamento ordenava até a pena de
morte, e apoiava abertamente as guerras. Então, é lícito os cristãos hoje
participarem de guerras, quando elas são travadas por razões justas? Neste
artigo, pretendo mostrar as opiniões dos grandes teólogos da História do
Cristianismo e o que a Bíblia diz a esse respeito.
A
OPINIÃO DO PROFETA DANIEL:
“Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus
de eternidade a eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder; é ele quem
muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece reis; ele dá sabedoria aos
sábios e entendimento aos entendidos”. (Daniel 2:20-21)
O profeta Daniel foi bem
claro quando afirmou que Deus remove os reis e estabelece os reis, ou seja,
Deus levanta os reis e derruba os reis do poder como bem entende. Há outra
parte do Livro de Daniel que também fala a esse respeito.
“Mas,
quando o coração de Nabucodonosor ficou cheio de orgulho, Deus o arrancou de
seu trono e acabou com a glória que ele tinha. Foi expulso do meio dos homens e
começou a pensar e agir como um animal; passou a viver com os jumentos
selvagens e a comer capim como os bois. Seu corpo era diariamente coberto com o
orvalho, até que entendeu que o Deus Altíssimo domina os reinos dos homens e
ele mesmo escolhe quem quer para governá-los”. (Daniel 5:20-21)
O profeta Daniel, que
também era um governante a serviço de Deus, declarou várias vezes (isso está
registrado no Livro que leva o seu nome) que Deus tem o domínio sobre os reinos
dos homens e coloca no poder a quem Ele quer. Deus tem o total controle sobre
os reinos da Terra, porque Ele é o verdadeiro Rei das Nações.
A
OPINIÃO DO APÓSTOLO PAULO:
“Obedeçam
às autoridades governamentais, porque Deus foi quem estabeleceu todas elas. Não
há governo, em parte alguma, que Deus não tenha colocado no poder. Portanto,
aqueles que se recusam a obedecer às autoridades estão se recusando a obedecer
a Deus, e o castigo virá sobre eles. Pois os governantes devem ser temidos
apenas por aqueles que praticam o mal. Assim, se você não quiser ter medo da
autoridade, guarde as leis e pratique o bem e tudo irá bem. Pois a autoridade é
enviada por Deus para o seu bem. Mas, se você estiver fazendo algo errado, é
natural que deve ter medo, pois ela terá de castigá-lo. Ela é serva de Deus,
agente da justiça para castigar quem pratica o mal. Assim, vocês precisam
obedecer às autoridades por duas razões: para evitar o castigo e por uma
questão de consciência. Paguem também seus impostos, por essas mesmas razões.
Porque as autoridades do governo estão a serviço de Deus, dedicadas a continuar
a fazer essa obra. Dêem a cada um o que lhe é devido; paguem seus impostos e
tributos, obedeçam aos seus superiores, e honrem e respeitem a todos aqueles a
quem isso for devido”. (Romanos 13:1-7)
O apóstolo Paulo no
capítulo 13 da Carta aos Romanos confirmou exatamente a mesma coisa que o
profeta Daniel afirmou no passado, ou seja, que Deus estabelece as autoridades
governamentais. Segundo o apóstolo Paulo, o Estado é servo de Deus para punir
os malfeitores.
Paulo também ensinou que todos os cidadãos
(principalmente, os cristãos) devem pagar todos os seus impostos, porque o
dinheiro deve ser usado para a manutenção das Forças Armadas e das polícias
para garantirem a segurança do país e para castigarem os homens que praticam o
mal. Para Paulo, os agentes do Estado (governantes, magistrados e soldados)
estão a serviço de Deus para o bem-estar da sociedade. Portanto, os cristãos
devem se sujeitar a eles. O dever das autoridades é punir os maus e louvar os
bons. Pelo menos, era assim que Paulo acreditava.
“Estas
são as minhas instruções: Ore, faça súplicas, pedidos e dê graças por todos os
homens. Ore dessa forma pelos reis e por todos os outros que exercem autoridade
sobre nós ou que ocupam cargos de alta responsabilidade, a fim de que possamos
viver em paz e tranqüilidade, passando o nosso tempo vivendo piedosa e
dignamente. Isto é bom e agradável a Deus, nosso Salvador. Pois ele deseja que
todos sejam salvos e compreendam esta verdade”: (1 Timóteo 2:1-4)
O
apóstolo Paulo ensinou os cristãos a intercederem em favor dos homens
investidos de autoridade (governantes, magistrados e soldados), porque é da
vontade de Deus que as autoridades sejam salvas e conheçam a Verdade. Paulo, em
outra parte da Bíblia, também ensinou que os cristãos devem estar dispostos a
auxiliar as autoridades em tudo o que for preciso e necessário.
“Nenhum
soldado em serviço se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele
que o alistou para a guerra”. (2 Timóteo 2:4)
Há
muitas semelhanças entre a vida cristã e o serviço militar, por isso, o
apóstolo Paulo vivia comparando ambos. Os cristãos devem ser como soldados,
isto é, devem acatar as ordens de seu Senhor e cumprir a sua missão.
Paulo evangelizou até a Guarda Pretoriana que o
vigiava em uma ocasião. O apóstolo aproveitou que os guardas pretorianos o
vigiavam para lhes falar da Salvação de Cristo. Em sua Carta aos Filipenses,
Paulo até menciona sobre os santos do palácio de César, que provavelmente eram
esses guardas e outros funcionários do governo que se converteram através dele.
A OPINIÃO DO APÓSTOLO PEDRO:
“Pelo
amor que vocês têm ao Senhor, obedeçam a todas as leis do governo; sejam as do
rei, como a autoridade maior, sejam as que são dos oficiais do rei, pois ele os
enviou para castigar todos os que fazem o mal e honrar aqueles que fazem o bem.
É da vontade de Deus que a vida correta de vocês faça com que se calem aqueles
que insensatamente condenam o Evangelho sem saberem o que ele pode fazer por
eles, pois nunca experimentaram o seu poder. Vocês estão livres da lei, porém,
isso não quer dizer que estão livres para fazer o mal. Vivam como aqueles que
são livres para fazer somente a vontade de Deus em todas as ocasiões. Mostrem
respeito para com todos. Amem os irmãos em toda parte. Temam a Deus e respeitem
o governo”. (1 Pedro 2:13-17)
O apóstolo Pedro, assim, como o apóstolo
Paulo e o profeta Daniel, também reconheceu que as autoridades governamentais
são legítimas e necessárias na ordem estabelecida por Deus. Para Pedro, a
função das autoridades é castigar os malfeitores e louvar os homens que
praticam o bem. Paulo tinha exatamente a mesma opinião. Ambos os apóstolos
legitimaram o uso da força por parte do Estado (da violência mesmo) para punir
os criminosos perigosos que ameaçam a sociedade.
A OPINIÃO DE JOÃO
BATISTA:
“Então, alguns soldados lhe perguntaram:
E nós, o que devemos fazer? Ele respondeu: Não pratiquem extorsão, nem acusem
ninguém falsamente, e contentem-se com o seu salário”. (Lucas 3:14)
João Batista, o precursor do Messias, e o maior de
todos os profetas, reconheceu a legitimidade do trabalho do soldado, pois ele
mesmo batizou alguns militares e lhes incentivou a permanecerem no Exército,
portanto, que eles fossem honestos e justos. A própria Bíblia reconhece que
João Batista foi o homem pecador mais justo que já existiu sobre a Terra.
Portanto, a opinião dele é válida. João Batista não era um qualquer, mas era o
precursor do Messias, isto é, o homem que preparou o caminho para Jesus; e ele
foi o maior profeta que já existiu. Portanto, João Batista sabia o que estava
fazendo quando batizou aqueles soldados.
BONS EXEMPLOS DE MILITARES BÍBLICOS:
“Morava em Cesaréia um homem de nome Cornélio, centurião da
coorte, chamada a italiana, piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, e que
fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus”. (Atos 10:1-2)
O centurião Cornélio era
um bom exemplo de militar, pois ele era honesto, justo, íntegro, sabia amar ao
próximo, e ainda buscava a Deus. A Bíblia não compara o centurião Cornélio a
uma prostituta (como as Testemunhas de Jeová e os evangélicos pacifistas
fazem), mas, sim, exalta as virtudes desse centurião como homem, militar e
cidadão. Cornélio, segundo a Bíblia, é um bom exemplo a ser seguido.
“Tendo Jesus concluído todas as suas palavras dirigidas ao povo,
entrou em Cafarnaum. E o servo de um centurião, a quem este muito estimava,
estava doente, quase à morte. Tendo ouvido falar a respeito de Jesus,
enviou-lhe alguns anciãos dos judeus, pedindo-lhe que viesse curar o seu servo.
Estes, chegando-se a Jesus, com instância lhe suplicaram, dizendo: Ele é digno
de que lhe faças isto; porque é amigo do nosso povo, e ele mesmo nos edificou a
sinagoga. Então Jesus foi com eles. E já perto da casa, o centurião enviou-lhe
amigos para lhe dizer: Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que
entres em minha casa. Por isso, eu mesmo não me julguei digno de ir ter
contigo; porém manda com uma palavra, e o meu rapaz será curado. Porque também
sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens, e digo a
este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e
ele o faz. Ouvidas estas palavras, admirou-se Jesus dele e, voltando-se para o
povo que o acompanhava, disse: Afirmo-vos que nem mesmo em Israel achei fé como
esta. E, voltando para casa os que foram enviados, encontraram curado o servo”.
(Lucas 7:1-10)
O centurião de Cafarnaum também era
um bom exemplo a ser seguido, pois o próprio Jesus o admirou como ser humano e
militar. Cristo elogiou até a sua fé, e desprezou a religiosidade dos fariseus
(as Testemunhas de Jeová e os evangélicos legalistas da época). Jesus Cristo
andava com prostitutas e ladrões, e até elogiou um militar por sua fé e
integridade, mas desprezou o legalismo e o fanatismo religioso dos fariseus. A
Palavra de Deus afirma que os governantes, magistrados e soldados são servos de
Deus, isto é, estão a serviço de Deus para o bem-estar da sociedade.
REFUTANDO
OS ARGUMENTOS BÍBLICOS DOS PACIFISTAS:
Os cristãos pacifistas,
para sustentar a heresia do pacifismo, se utilizam de versículos bíblicos fora
de contexto, então, eu mostrarei os verdadeiros contextos dos versículos usados
por eles. Para se compreender a Bíblia é preciso lê-la em seu contexto
histórico e cultural. Sempre devemos ler os capítulos inteiros inseridos em seu
contexto.
“No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do
seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar
firmes contra as astutas ciladas do Diabo; porque não temos que lutar contra
carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra
os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade,
nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que
possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes”. (Efésios
6:10-13)
Inúmeros cristãos interpretam mal o
capítulo 6 da Carta aos Efésios, porque eles confundem guerra espiritual com
pacifismo. O autor da Carta aos Efésios é também o autor da Carta aos Romanos.
O apóstolo Paulo, o autor de ambas as Cartas, não era pacifista, pois se
percebe claramente a sua posição em relação ao Estado no capítulo 13 da Carta
aos Romanos. No capítulo 6 da Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo usa puro
simbolismo militar para se referir à armadura de Deus. O apóstolo Paulo
constantemente usava o serviço militar como bom exemplo para a vida cristã. O
fato de Paulo ter dito que a nossa luta não é contra carne e sangue (muito
deturpado pelos pacifistas hipócritas), não significa que ele fez apologia ao pacifismo.
O capítulo 6 da Carta aos Efésios não invalida o capítulo 13 da Carta aos
Romanos, portanto, o apóstolo Paulo não pregou o pacifismo.
“Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque
as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para
destruição das fortalezas;”. (2 Coríntios 10:3-4)
Por isso, as armas
carnais e humanas, tais como argúcia, habilidade, riqueza, capacidade
organizacional, eloqüência, persuasão, influência e personalidade são em si
mesmas inadequadas para destruir as fortalezas de Satanás; porque as únicas
armas adequadas para desmantelar os arraiais do Diabo, as injustiças e os
falsos ensinos são as armas que Deus nos dá. Esse trecho não se refere às armas
bélicas, mas, sim, a capacidade humana; e para combater o Inferno precisamos
das armas espirituais dadas por Deus, pois somos incapazes de vencermos Satanás
e os seus demônios sozinhos.
“Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu,
porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face
direita, oferece-lhe também a outra;”. (Mateus 5:38-39)
Os fariseus deturpavam
as leis do Antigo Testamento para incentivar as pessoas ao ódio e a retaliação,
porque olho por olho e dente por dente eram na verdade as punições aplicadas
pelas autoridades nos malfeitores e não um incentivo à represália do indivíduo.
Jesus condenou a vingança pessoal e não a legítima defesa, pois Ele usa muito
simbolismo nas coisas em que ensina. Cristo, em outra parte da Bíblia, ensinou
que se as suas mãos e pés e os seus olhos te fizerem pecar, se deve amputar as
mãos e os pés e arrancar os olhos fora, mas tudo isso é simbólico e não se deve
fazer no sentido literal.
“Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que
lançam mão da espada, à espada perecerão”. (Mateus 26:52)
Cristo não fez apologia
ao pacifismo, mas simplesmente falou que os violentos sofrerão violência. Se
Pedro tivesse matado Malco, ele seria punido com a morte pelo Estado Romano e
Jesus quis impedir que isso acontecesse.
“E saberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com
espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará na
nossa mão”. (Samuel 17:47)
Quando Davi afirmou que
do Senhor é a guerra, ou seja, de que a batalha pertence ao Senhor, ele quis
dizer que nós, servos de Deus, devemos confiar no Altíssimo e não em nossa
própria força ou em armas bélicas; entretanto, em nenhum momento, ele hesitou
lutar contra Golias por causa disso, porque ele confiava no Senhor dos Exércitos.
SOBRE O
SEXTO MANDAMENTO:
Quase todos os cristãos
nunca compreenderam o sexto mandamento “não matarás”. A tradução correta do
sexto mandamento é “não assassinarás”. Os religiosos alienados usam e abusam da
tradução errada desse mandamento para ficarem atacando pedras nos guerreiros
que matam para se defenderem ou para protegerem os indefesos. O verbo hebraico “ratsach” usado nesse mandamento no
Antigo Testamento, e o verbo grego “foneuo”
usado nesse mandamento no Novo Testamento, sempre são usados para se referir ao
assassinato criminoso, e nunca a legítima defesa e a pena capital. Tanto o
verbo hebraico “ratsach” quanto o
verbo grego “foneuo” se referem ao
homicídio ilícito. Portanto, matar para se defender ou para proteger alguém não
é pecado.
SOBRE A
OMISSÃO DIANTE DO MAL:
Muito se tem pregado no
meio evangélico sobre a omissão diante do mal, como se fosse obrigação dos
cristãos se omitirem perante as coisas erradas e serem apáticos diante da
maldade. Neste texto, eu mostrarei o que a Bíblia ensina que nós, cristãos,
devemos fazer quando nos deparamos perante o mal, e qual deve ser a nossa
postura diante da maldade.
“Erga a voz em favor dos que não podem defender-se, seja o
defensor de todos os desamparados. Erga a voz e julgue com justiça; defenda os
direitos dos pobres e dos necessitados”. (Provérbios 31:8-9)
A Bíblia é bem clara
quando diz que a nossa obrigação é defender aqueles que não podem se defender,
ou seja, o nosso dever é lutar por aqueles que não podem lutar por si mesmos.
Portanto, é a nossa obrigação lutar por eles.
“Não te furtes a fazer o bem a quem de direito, estando na tua mão
o poder de fazê-lo”. (Provérbios 3:27)
Se estiver em nossas
mãos o poder de ajudar os outros, nós devemos fazê-lo, porque essa é a vontade
de Deus, que nós, cristãos, defendamos os direitos dos fracos e oprimidos. Nós
temos a obrigação de lutar pelos direitos dos órfãos e das viúvas.
“Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso
está pecando”. (Tiago 4:17)
Omitir-se diante do mal
é um pecado hediondo, porque quem se omite perante a maldade é tão ruim e
perverso quanto quem a pratica. Os pecados de omissão são tão graves quanto os
pecados de comissão. Portanto, se omitir também é pecado.
“O que justifica o perverso e o que condena o justo, abomináveis
são para o Senhor, tanto um como o outro”. (Provérbios 17:15)
Quem condena o inocente
e absolve o culpado é abominável para Deus, porque Deus abomina a injustiça.
Deus é tão santo e tão justo que Ele se enoja de gente mesquinha e medíocre que
adora defender bandidos e condenar inocentes.
SOBRE O SERVIÇO MILITAR:
Sobre os juramentos
(como o Juramento à Bandeira), Jesus Cristo não condenou totalmente os
juramentos. O que Jesus condenou foram às pessoas que não têm palavra, e
precisam se garantir em juramentos para os outros acreditarem que elas estão
falando a verdade. Algumas confissões de fé protestantes explicam bem sobre
isso. Não há problema algum em fazer juramentos honrados em nome da paz, da
justiça e do amor.
No Concílio de Jerusalém,
em 50, os judeus cristãos decidiram que todos os seguidores de Jesus não devem
comer alimentos sacrificados aos ídolos, nem praticar relações sexuais
ilícitas, não comer animais que morreram sufocados e nem beber sangue. Na 1
Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo ensinou que os cristãos podem comer
alimentos sacrificados aos ídolos sim, portanto, que não escandalizem os irmãos
“fracos” na fé. Se os cristãos orarem para Deus abençoar os alimentos
sacrificados aos ídolos, não há problema nenhum em comê-los. O sexo deve ser
praticado somente dentro do casamento mesmo. No caso da proibição de comer animais
que morreram sufocados isso era um ritual religioso do Judaísmo e não significa
nada para os cristãos de hoje. O sangue foi proibido de ser ingerido, porque no
contexto daquela época, os pagãos bebiam sangue para adorar os seus deuses.
Entretanto, hoje, não há problema algum em comer frango ao molho pardo,
chouriço ou até mesmo beber sangue de galinha para sobreviver na selva.
Em relação à “cultuar as
tradições”, na verdade, os militares não prestam culto as tradições e nem aos
heróis do passado, mas, simplesmente, eles relembram os feitos do passado e
prestam homenagens a esses grandes guerreiros, no entanto, ninguém bate
continência ou se curva diante de quadros e estátuas.
AS
OPINIÕES DOS PAIS DA IGREJA E DOS REFORMADORES:
Muito se tem pregado que
o Cristianismo Primitivo era contra o serviço militar, mas será que isso é
verdade? Será mesmo que os cristãos primitivos condenavam o trabalho dos
soldados? Pais da Igreja, como, por exemplo, Tertuliano de Cartago, Hipólito de
Roma, Orígenes de Alexandria, Cipriano de Cartago e Lactâncio demonizavam o
serviço militar, mas será que existiram Pais da Igreja que pensavam diferente
deles? Será mesmo que os primeiros cristãos eram anarquistas e pacifistas? Já
vimos que a Bíblia apóia o serviço militar. Então, existiram bispos que
apoiavam?
Agora, contarei as
opiniões dos Pais da Igreja sobre os temas, guerra e política. Os Pais da
Igreja foram grandes teólogos da Igreja Primitiva (muitos eram até filósofos e
historiadores), que ensinavam aos cristãos os ensinamentos da Palavra de Deus.
Muitos deles pregaram heresias, mas outros foram fiéis ao Evangelho puro e
simples. Também tiveram os Doutores da Igreja, que surgiram com a conversão do
Império Romano ao Cristianismo. Tanto os bispos primitivos quanto os Doutores
da Igreja foram homens importantes para a História da Igreja Cristã.
Clemente de Roma,
conhecido como Clemente Romano, foi discípulo do apóstolo Pedro e cooperador do
apóstolo Paulo. Clemente, em sua Carta aos Coríntios, reconhece que as
autoridades governamentais são legítimas, e até elogia os soldados os usando
como bons exemplos a serem seguidos pelos cristãos. Clemente de Roma ensinou os
cristãos a orarem em favor dos governantes, porque eles são instituídos por
Deus.
Policarpo de Esmirna foi
discípulo do apóstolo João, e em seu martírio, registrado no livro “História
Eclesiástica” de Eusébio de Cesaréia, ele afirma em seu julgamento, antes de
ser martirizado, que as autoridades governamentais são estabelecidas por Deus;
e de que é lícito pagar os tributos e os impostos aos governantes. Os Pais
Apostólicos reconheciam a legitimidade das autoridades.
Clemente de
Alexandria além de reconhecer a legitimidade das autoridades governamentais,
também apoiava a guerra justa, pois ele era totalmente a favor do serviço
militar. Clemente além de apoiar as guerras justas, também apoiava as
revoluções justas contra governos tirânicos e opressores. Clemente de Alexandria
também defendia a prática de esportes (como o Pancrácio, a arte marcial grega,
muito praticado pelos cristãos primitivos). Ao contrário de seu discípulo,
Orígenes de Alexandria, Clemente não via problema algum em cristãos matarem nas
guerras e revoluções justas.
Justino Mártir,
Ireneu de Lyon, Teófilo de Antioquia, Melitão de Sardes, Eusébio de Cesaréia e
outros bispos da Igreja Primitiva, também reconheceram que as autoridades
governamentais são legítimas e estabelecidas por Deus. Essa “historinha” de que
todos os Pais da Igreja do Cristianismo Primitivo condenavam o serviço militar
é mentira do Diabo, porque isso não tem embasamento histórico e nem bíblico.
Agostinho de
Hipona foi o maior de todos os Pais da Igreja, e ele foi o responsável por desenvolver
a teologia da guerra justa. Agostinho defendia a pena capital e ensinava
claramente que os cristãos têm a obrigação de participarem de guerras justas
para promoverem a justiça.
Ambrósio de Milão
era mestre de Agostinho, pois foi ele quem o batizou. Ambrósio também era
favorável à pena capital e apoiava a guerra justa, pois ele também reconhecia a
legitimidade das Forças Armadas.
Jerônimo de
Strídon foi o homem que criou a “Vulgata”
(a versão em latim da Bíblia). Esse Doutor da Igreja conhecia a Bíblia inteira,
então, ele podia falar com propriedade dos ensinamentos contidos nela. Jerônimo
era a favor da pena de morte e também apoiava a guerra justa.
Tomás de Aquino,
um Doutor da Igreja da Idade Média, além de apoiar a guerra justa e a pena
capital, também apoiava a legítima defesa, pois ele desenvolveu uma teologia
para discutir sobre esse assunto.
Os reformadores,
Martinho Lutero, João Calvino e Ulrico Zuínglio também apoiavam a guerra justa
e eram favoráveis a pena de morte, além de apoiarem a legítima defesa e as
revoluções contra governos opressores e injustos também. Os luteranos, os
huguenotes, os puritanos e outros protestantes empunharam armas não só para
combater nas guerras justas, mas também para lutarem em revoluções justas contra
os seus perseguidores que os perseguiam por causa do Evangelho.
CRISTÃOS
PRIMITIVOS QUE OCUPARAM CARGOS DE AUTORIDADE:
No Concílio de
Arles, em 314, a
Igreja Primitiva reconheceu o serviço militar como sendo algo lícito para os
cristãos. Deus nunca condenou as guerras justas. Muito se tem falado de que
antes do ano 170 os cristãos não se alistavam no Exército, mas isso é uma
tremenda mentira demoníaca. No ano 170, os cristãos começaram a se alistar em
grande número no Exército por causa da ameaça dos bárbaros que colocavam em
risco a segurança do Império Romano e de seus cidadãos, mas sempre existiram
cristãos ocupando cargos de autoridade (eram poucos, mas eles existiram). O
procônsul Lúcio Sérgio Paulo, e os cônsules, Mânio Acílio Glábrio e Tito Flávio
Clemente, foram bons exemplos disso, pois foram autoridades cristãs. Deus
sempre apoiou o serviço militar. Os oficiais romanos, Sebastião, Jorge,
Expedito, Marino, Marcelo e Maurício foram bons exemplos de militares cristãos
que combateram na época da Igreja Primitiva.
CONCLUSÃO:
Durante a História,
existiram incontáveis guerreiros honrados que lutavam em prol da justiça, e que
não deixaram de ser bons por causa disso. Incrédulos e cristãos que combatiam
baseados em princípios e valores que fizeram a diferença no mundo. Os samurais
(apesar da prática do ritual suicida quando eles eram derrotados) e os
cavaleiros medievais eram guerreiros que tinham princípios morais e bons
valores. Como eu gostaria de ter vivido nas épocas em que os samurais e os
cavaleiros existiam. A Bíblia não condena os homens lutarem, portanto, que eles
lutem por causas nobres e justas. Mesmo, que tenham cristãos no exército
inimigo, se esses “cristãos” estiverem combatendo do lado errado, eles devem
ser combatidos também. Na Segunda Guerra Mundial, tiveram muitos cristãos que
apoiaram Adolf Hitler, isto é, que eram nazistas mesmo, e eles pediram para
morrer, porque escolheram o lado errado da guerra. Na Guerra Civil Americana,
muitos cristãos eram assassinos cruéis e apoiavam a escravidão, e esses
mereceram morrer também. Em guerras justas, os cristãos devem optar pelo lado
justo do conflito, e não pelo lado do opressor. Portanto, os cristãos que se
alistam em exércitos mal-intencionados, estão arcando com as conseqüências desse
ato, e vão colher exatamente o que plantarem. Quando os cristãos se omitem em
situações de injustiça, eles escolhem o lado do opressor. Essa desculpa de que
se o cristão matar os bandidos e os terroristas irá impedi-los de se converter
não têm embasamento bíblico, pois tanto no Arminianismo Clássico quanto no
Calvinismo, Deus já predestinou os salvos antes da fundação do mundo. Espero ter sido claro e objetivo neste meu
artigo.
AUTOR: Filipe Levi Viasoni
da Silva, historiador e professor de História.