Filipe Levi 29/12/18
PROFETAS DE DEUS (AQUELES QUE ENFRENTAM A MORTE)
“A única coisa necessária para que o mal triunfe é os homens de bem não fazerem absolutamente nada”. (Edmund Burke)
Neste texto, pretendo contar sobre os homens que me inspiram a fazer a vontade de Deus, e divulgar as mensagens do Altíssimo para o seu povo, a Igreja. No Antigo Testamento, muitos homens foram levantados por Deus para alertar o seu povo sobre os pecados da idolatria e da prostituição, ou seja, o sincretismo religioso e a imoralidade que muitas vezes dominaram Israel (Reino do Norte) e Judá (Reino do Sul). Quero cumprir o meu papel de emissário de Deus, que é alertar a Igreja sobre os seus pecados, isto é, a sua desobediência a Deus. Ser profeta de verdade não é dar “profetadas”, mas é alertar o povo de Deus sobre os seus pecados que tanto o afastam d’Ele.
Os profetas mais famosos e que mais gosto são Samuel, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel, Elias, e Eliseu. Neste artigo, pretendo contar os pontos principais das vidas desses grandes homens de Deus, que não apenas fizeram a diferença, mas foram à diferença. Os antigos profetas exortavam o povo de Deus, e nós, cristãos, devemos fazer o mesmo nos dias de hoje.
Samuel foi um homem muito digno e honrado, que ao contrário dos filhos de Eli (sumo sacerdote do Templo), Hofni e Fineias, que desagradaram o coração de Deus, ele obedecia todos os Mandamentos do Senhor. Deus se revelou a Samuel, quando ele ainda era muito novo, para mostrar qual seria o fim de Eli e sua casa. Samuel ungiu os dois primeiros reis de Israel, Saul e Davi. O primeiro se corrompeu e teve um fim trágico (ele se suicidou depois de ser derrotado numa batalha). O segundo serviu ao Senhor até o fim dos seus dias. Davi andou segundo o coração de Deus, e foi o maior rei da história de Israel. Jesus Cristo é descendente de Davi, e um dia, Ele retornará, e estabelecerá o seu Reino de paz e de justiça na Terra. Samuel foi o último dos Juízes e o primeiro dos profetas.
Isaías foi um grande profeta que profetizou sobre grandes impérios como a Assíria e a Babilônia. Israel se aliou a Síria para resistirem ao domínio da Assíria, mas os assírios os derrotaram. O Reino do Norte foi destruído e muitos israelitas foram levados cativos. A Assíria foi derrotada pela Babilônia, que depois se tornou a maior potência militar da época. Isaías profetizou sobre a libertação dos judeus que sofreriam com o cativeiro babilônico que duraria setenta anos. Deus revelou para esse profeta que Ciro, o Grande, nasceria, cresceria, e reinaria sobre os medos e os persas. Ciro, liderando os medos e os persas, derrotou os babilônios, libertando os judeus do cativeiro. Isaías havia profetizado sobre Ciro muito tempo antes dele nascer. Ciro quase foi morto quando criança pelo seu avô, mas ele foi salvo por um pastor de ovelhas. O filho da união de duas nações derrotaria a Babilônia e libertaria o povo de Deus da opressão. Isaías realizou muitas profecias e foi usado grandemente por Deus. Provavelmente, Isaías foi martirizado sendo serrado ao meio.
Jeremias é o profeta da Bíblia com quem eu mais me identifico, pois ele era melancólico e depressivo (além de não ter se casado), assim, como eu. Jeremias tentou alertar os judeus sobre o julgamento divino que viria através do exército de Nabucodonosor, rei dos caldeus. O rei Zedequias, viu os seus filhos serem assassinados diante dos seus olhos, e depois foi cegado. Os príncipes, que tanto perseguiam Jeremias, foram castigados e depois mortos. Jeremias amava o seu povo, mas o seu povo o desprezou, preferindo dar ouvidos aos falsos profetas que pregavam o que o povo queria ouvir. O Templo de Jerusalém foi saqueado, e inúmeros judeus foram levados cativos.
Ezequiel também foi um grande profeta que deu esperança para os cativos dizendo que um dia eles seriam libertados e teriam o seu reino restaurado. Ezequiel estava cativo, mas tinha esperança de que o seu povo um dia voltaria a ser livre.
Depois da queda do império assírio, o Egito, governado pelo Faraó Neco, e as forças babilônicas, disputavam por territórios. Ezequiel viveu durante esse período. Israel e Judá pecaram, porque preferiram confiar em outros reinos do que em Deus, e o Altíssimo usou a Assíria para punir o Reino do Norte, e a Babilônia para castigar o Reino do Sul. O povo de Deus deve depositar a sua confiança somente n’Ele.
Ezequiel teve a visão do Vale de Ossos Secos, que gosto muito. Esse profeta apesar de ter sido levado cativo pelos babilônios, não perdeu a esperança. Ezequiel teve intimidade com Deus, assim, como os outros profetas tiveram.
Daniel e seus amigos, Hananias, Misael, e Azarias, foram levados cativos ainda jovens para a Babilônia. Eles se tornaram grandes políticos, que eram honestos e íntegros (bem que os políticos brasileiros poderiam seguir o mesmo exemplo).
Os amigos de Daniel foram lançados numa fornalha ardente, porque se recusaram a adorar a estátua de Nabucodonosor. O rei da Babilônia ordenou que se esquentasse o fogo da fornalha sete vezes mais, depois que esses políticos de Deus o afrontaram, se negando a adorar a estátua. Os melhores soldados do exército babilônico amarraram os amigos de Daniel, e os jogaram na fornalha ardente. Deus matou os guerreiros que lançaram Hananias, Misael, e Azarias na fornalha, e os livrou milagrosamente. Daniel interpretou os sonhos de Nabucodonosor, e prosperou muito no seu reino.
Quando Nabonido estava reinando no lugar de Nabucodonosor, ele decidiu estudar História e religião em outra nação, e Belsazar, seu filho, reinou em seu lugar. Belsazar profanou os cálices e objetos do Templo de Deus que tinham sido levados pelo seu avô para a Babilônia, e, por isso, Deus decretou a derrota dos babilônios através dos medos e dos persas. Uma mão descarnada escreveu defronte do candeeiro, a condenação do reino babilônico. Daniel interpretou o que estava escrito, e naquela mesma noite, os medos e os persas invadiram o reino, e Belsazar, o rei dos caldeus, foi assassinado.
Daniel se tornou o governador-geral da Babilônia, e por inveja de seus inimigos políticos, o rei Dario, o Medo (talvez, fosse um tio de Ciro, o Persa, ou Gobrias, um general babilônico que desertou e se aliou a Ciro), foi obrigado pelas leis dos medos e dos persas, que não podiam ser revogadas, a condenar Daniel à morte (contra a sua própria vontade). Deus livrou Daniel dos leões, e os seus inimigos políticos e suas famílias, foram jogados na cova dos leões em seu lugar, e as feras os destroçaram. Daniel prosperou nos reinados de Dario, o Medo, e de Ciro, o Persa.
Elias foi um grandioso profeta que profetizava nas épocas dos reinados de Acabe e de Jorão. Jezabel, a rainha, esposa de Acabe, mãe de Jorão, era a sua maior inimiga. Elias desafiou os profetas de Baal, e os envergonhou, exaltando o Nome do Deus Vivo. Elias profetizou o fim da casa de Acabe e a morte de Jezabel. A parte que mais me emociona na Bíblia (além da sarça ardente, quando Deus falou com Moisés) é quando Deus fala com Elias no Monte Horebe. Elias havia se escondido dentro de uma caverna, e desejava ardentemente morrer, porque estava deprimido (outro profeta com quem eu me identifico bastante). Elias, como todos os verdadeiros profetas, era amigo de Deus. Elias criticava muito o sincretismo religioso que predominava em Israel (o povo queria adorar a Deus e a Baal ao mesmo tempo. Em outras épocas, o povo queria cultuar a Deus e a Moloque ao mesmo tempo também). Os israelitas somente ouviam os falsos profetas que pregavam o que eles queriam ouvir. Elias foi arrebatado sem conhecer a morte, mas antes, ele ungiu Eliseu, profeta em seu lugar.
Eliseu também foi grandemente usado por Deus. Naamã, o comandante do exército da Síria, foi curado da lepra. Os soldados sírios foram cegados. Pessoas foram curadas e ressuscitadas. Pessoas que zombaram do profeta foram estraçalhadas por ursos. Jorão, rei de Israel, e Acazias, rei de Judá, assim, como Jezabel, foram mortos. Eliseu, assim, como todos os profetas, exortaram o povo de Deus. Nós devemos fazer o mesmo.
Um grave erro cometido por muitas igrejas pentecostais (reconheço que existem igrejas pentecostais sérias) é que os profetas ficam dando profetadas sem pé nem cabeça. Se analisarmos o que os profetas do Antigo Testamento faziam, esses profetas verdadeiramente de Deus exortavam o povo de Deus a buscá-lo, e muitas vezes esses profetas julgavam o povo em relação aos seus pecados. Portanto, ficar usando o chavão “Não Julgueis” é algo totalmente anti-bíblico. Quando Jesus disse que se julgarmos os outros seremos julgados por Deus, Ele se referiu ao julgamento simplesmente crítico e sem moral, tanto que em outra parte da Bíblia, Cristo ensinou que devemos julgar segundo a reta justiça. Muitos cristãos confundem o amor com a omissão diante do mal e com a conivência com o pecado, e não é isso o que a Palavra de Deus ensina. Cristo nunca disse para sermos apáticos perante as coisas erradas.
“Não julgueis segundo a aparência, e, sim, pela reta justiça”. (João 7:24)
No Antigo Testamento, o Altíssimo usou nações como a Síria, a Assíria, e a Babilônia, para poder castigar o seu povo. Deus levantou vários profetas em várias épocas diferentes para alertar o seu povo, mas o seu povo preferia viver na prática do pecado em vez de buscá-lo de todo o coração. Grandes profetas, como, por exemplo, Elias, Eliseu, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, e outros profetas foram usados grandemente pelo Deus Vivo para profetizar os julgamentos de Deus sobre as nações e sobre o seu próprio povo. O Senhor dos Exércitos sempre teve o controle sobre a História, tanto controle militar como político. Deus tem o domínio sobre os reinos dos homens e coloca no poder a quem Ele quer. O Todo-Poderoso levantou nações como a Assíria e a Babilônia para julgar os povos da Terra. Essas potências militares da época foram usadas grandemente por Deus para realizar os seus objetivos gloriosos.
Eu li os livros dos profetas Sofonias, Naum, e Habacuque, e adorei ler esses livros, que contam sobre os julgamentos divinos através da Babilônia e da Assíria. Os profetas da Bíblia com quem eu mais me identifico são Elias e Jeremias, porque eu sou tão melancólico e depressivo quanto eles eram. O profeta Daniel era um homem também digno da minha admiração, devido a sua integridade e honestidade. Daniel foi um político de Deus muito honesto. A profecia do profeta Isaías sobre Ciro, o Grande, o libertador dos judeus, também me emociona muito. Isaías profetizou que Deus levantaria Ciro, o Persa, para derrotar a Babilônia e libertar o povo de Deus da opressão babilônica. O profeta Samuel (o último dos juízes e o primeiro dos profetas) ungiu a Davi, rei sobre Israel. Samuel ungiu o herói da Palavra de Deus que eu mais admiro, um homem que andava segundo o coração de Deus. Todos os profetas da Bíblia foram usados por Adonai para exortar o seu povo sobre os seus pecados, como, por exemplo, a idolatria e o sincretismo religioso (infelizmente, algo muito comum em muitas igrejas evangélicas hoje).
“Ou não sabeis que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deverá ser julgado por vós, sois acaso indignos de julgar as cousas mínimas? Não sabeis que havemos de julgar os próprios anjos; quanto mais às cousas desta vida? Entretanto, vós, quando tendes a julgar negócios terrenos, constituís um tribunal daqueles que não têm nenhuma aceitação na igreja”! (1 Coríntios 6:2-4)
Usar as desculpas ridículas como o “Não Julgueis” ou o “Não toqueis nos ungidos de Deus” é algo extremamente diabólico, porque Deus nunca apoiou a omissão diante das coisas erradas, tampouco ensinou na sua Palavra que nós, cristãos, devemos ser coniventes com o pecado por causa de um falso amor ou de uma falsa unção mirabolante. Portanto, nós devemos exortar sim, como os antigos profetas fizeram.
A Bíblia, a Palavra de Deus, sempre reprovou e condenou a omissão diante do mal, ou seja, quando nos calamos, nos silenciamos e nos omitimos diante da opressão, nós somos cúmplices do opressor. Portanto, devemos combater o mal e os malfeitores tanto com duras palavras quanto com armas bélicas e com os nossos punhos mesmo.
Matar sem nenhum fundamento moral não é nada além de assassinato. Matar por uma causa justa é apenas justiça. O Sexto Mandamento sempre se referiu ao homicídio ilícito, e não a matar por legítima defesa e a matar na guerra. O verbo hebraico “ratsach” usado nesse Mandamento no Antigo Testamento, e o verbo grego “foneuo” usado nesse Mandamento no Novo Testamento, sempre são usados para se referir ao assassinato criminoso, e nunca a legítima defesa e a pena capital. Tanto o verbo hebraico “ratsach” quanto o verbo grego “foneuo” se referem ao homicídio ilícito. Portanto, matar para se defender ou para proteger alguém não é pecado. O Sexto Mandamento “Lo Tirsah” em hebraico e “Ou Foneuseis” em grego se refere ao assassinato e não a matar por uma causa justa. Seria uma grande incoerência Deus mandar os hebreus matarem nas guerras sendo que Ele mesmo disse “Não Matarás”, se no Sexto Mandamento Deus não se referisse somente ao homicídio criminoso (Deus não é bipolar). O guerreiro que não respeita a lâmina de sua espada (lâmina cortante, arma de fogo ou Bíblia) não é digno de sua espada. As flechas do cristão somente podem ser lançadas em nome da justiça. Não justiça para si mesmo, mas justiça para aqueles a quem o cristão jurou proteger. O cristão não deve usar a sua espada (Machaira) por motivos ou razões pessoais, mas apenas para promover a justiça e a paz.
Criminosos são como ervas daninhas. Você arranca uma, e aparece logo outra no lugar. Por isso, que os homens bons devem sempre estar preparados para combatê-los. Sejam esses homens bons investidos de autoridade ou não. Não devemos nos igualar aos criminosos, pois não devemos pagar o mal com o mal. (nós somos diferentes deles). A nossa compaixão nos torna diferentes dos malfeitores. Devemos usar a força bruta e as armas sim, mas dentro da legalidade e em confrontos justos. Olho por olho e dente por dente nunca foi um incentivo ao ódio e a vingança, pelo contrário, é um ensinamento que ensina justamente que devemos combater os maus numa luta justa, baseada na honra e na justiça, e para que os criminosos sejam punidos de forma justa, e não de forma exagerada. Os heróis sempre existirão. Mesmo, que as pessoas céticas digam que não, sempre existirão homens valentes, cheios de coragem e ousadia, que ousarão se opor ao mal e aos malfeitores. Os heróis existem sim, podem acreditar.
“Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se colocando contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos. Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser pelos que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal. Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência. É por isso também que vocês pagam imposto, pois as autoridades estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho. Dêem a cada um o que lhe é devido: se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra”. (Romanos 13:1-7)
No Novo Testamento, o apóstolo Paulo confirma exatamente a mesma coisa que o profeta Daniel ensinou (Daniel 5:20-21), ou seja, de que as autoridades governamentais são estabelecidas por Deus. Paulo ainda vai mais além, pois ele também disse que o Estado é servo de Deus para punir os malfeitores. Paulo não só considera as autoridades legítimas, como também diz que os governantes, magistrados e soldados têm a autorização de Deus para usarem a espada para castigar os maus. A palavra grega usada para espada é “Machaira” que é um símbolo da pena capital. Paulo indica que era a favor da pena de morte quando usa a espada como símbolo da punição do Estado.
Paulo também ensinou que todos os cidadãos (principalmente, os cristãos) devem pagar todos os seus impostos, porque o dinheiro deve ser usado para a manutenção das Forças Armadas e das polícias para garantirem a segurança do país e para castigarem os homens que praticam o mal. Para Paulo, os agentes do Estado (governantes, magistrados e soldados) estão a serviço de Deus para o bem-estar da sociedade. Portanto, os cristãos devem se sujeitar a eles. O dever das autoridades é punir os maus e louvar os bons. Pelo menos, era assim que Paulo acreditava.
“Por causa do Senhor, sujeitem-se a toda autoridade constituída entre os homens; seja ao rei, como autoridade suprema, seja aos governantes, como por ele enviados para punir os que praticam o mal e honrar os que praticam o bem. Pois é da vontade de Deus que, praticando o bem, vocês silenciem a ignorância dos insensatos. Vivam como pessoas livres, mas não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal; vivam como servos de Deus. Tratem a todos com o devido respeito: amem os irmãos, temam a Deus e honrem o rei”. (1 Pedro 2:13-17)
O apóstolo Pedro, assim, como o apóstolo Paulo e o profeta Daniel, também reconheceu que as autoridades governamentais são legítimas e necessárias na ordem estabelecida por Deus. Para Pedro, a função das autoridades é castigar os malfeitores e louvar os homens que praticam o bem. Paulo tinha exatamente a mesma opinião. Ambos os apóstolos legitimaram o uso da força por parte do Estado (da violência mesmo) para punir os criminosos perigosos que ameaçam a sociedade.
“Então, alguns soldados lhe perguntaram: E nós, o que devemos fazer? Ele respondeu: Não pratiquem extorsão, nem acusem ninguém falsamente, e contentem-se com o seu salário”. (Lucas 3:14)
João Batista, o precursor do Messias, e também o maior de todos os profetas, reconheceu a legitimidade do trabalho dos soldados, pois ele mesmo batizou alguns militares e lhes incentivou a permanecerem no Exército, portanto, que eles fossem combatentes honestos e justos. A própria Bíblia reconhece que João Batista foi o homem pecador mais justo que já existiu sobre a Terra. João Batista não condenou o serviço militar, tampouco, Jesus e os apóstolos.
“Será que um marinheiro ficaria parado se ouvisse o clamor de um naufrago? Será que um médico permaneceria sentado comodamente, deixando seus pacientes morrerem? Será que um bombeiro, ao saber que alguém está perecendo no fogo, ficaria parado e não prestaria socorro? E você, conseguiria ficar à vontade em Sião vendo o mundo ao seu redor ser condenado”?
(Leonard Ravenhill)
O Pacifismo sempre foi muito pregado entre os cristãos desde a Igreja Primitiva, mas o próprio Jesus Cristo e os apóstolos nunca condenaram o serviço militar e nem o direito que todos os seres humanos têm de lutar por suas vidas. Os religiosos pacifistas costumam usar versículos bíblicos fora de contexto para sustentar o Pacifismo biblicamente, mas qualquer pessoa inteligente e sábia verá que a Bíblia nunca sustentou tal heresia.
“No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do Diabo; porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes”. (Efésios 6:10-13)
O interessante desse trecho bíblico é que ele foi escrito pelo mesmo autor da Carta aos Romanos, ou seja, o apóstolo Paulo. Em nenhum momento, na Carta aos Efésios, o apóstolo Paulo pregou o Pacifismo, até porque o contexto não fala de guerra física, mas, sim, de guerra espiritual. Na Carta aos Romanos, o apóstolo Paulo ensinou que as autoridades governamentais foram estabelecidas por Deus e que os magistrados e militares são seus ministros para castigar os malfeitores. Então, seria contraditório o autor da Carta aos Romanos pregar o Pacifismo na Carta aos Efésios. O apóstolo Paulo quis dizer que a função dos cristãos civis é se preocupar com a guerra espiritual, mas os cristãos que são magistrados e militares devem cumprir com o seu dever, que é castigar os que praticam o mal; porque eles são investidos de autoridade por Deus para essa função. (Eu sei que quem escreveu a Carta aos Romanos foi Tércio a mando de Paulo). A luta da Igreja é espiritual e a luta do Estado é física. Tanto os guerreiros da Igreja quanto os guerreiros do Estado são ministros de Deus.
“Porque, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas;”. (2 Coríntios 10:3-4)
Por isso, as armas carnais e humanas, tais como argúcia, habilidade, riqueza, capacidade organizacional, eloqüência, persuasão, influência e personalidade são em si mesmas inadequadas para destruir as fortalezas de Satanás; porque as únicas armas adequadas para desmantelar os arraiais do Diabo, as injustiças e os falsos ensinos são as armas que Deus nos dá. Esse trecho não se refere às armas bélicas, mas, sim, a capacidade humana e as vãs filosofias; e para combater o Inferno precisamos das armas espirituais dadas por Deus, pois somos incapazes de vencermos Satanás e os seus demônios sozinhos.
“Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;”. (Mateus 5:38-39)
Os fariseus deturpavam as Leis do Antigo Testamento para incentivar as pessoas ao ódio e a retaliação, porque o ensinamento “olho por olho e dente por dente” era sobre as punições aplicadas pelas autoridades nos malfeitores (para que os criminosos não fossem punidos de forma exagerada) e não um incentivo a represália do indivíduo. Jesus condenou a vingança pessoal e não a legítima defesa, pois Ele usa muito simbolismo nas coisas em que ensina. Cristo, em outra parte da Bíblia, ensinou que se a sua mão direita te fizer pecar, se deve amputá-la. E se o seu olho direito te fizer pecar, se deve arrancá-lo. Oferecer a outra face está inserido no mesmo contexto. Jesus não falou para os cristãos se mutilarem e nem para serem sacos de pancadas dos outros. Tudo isso é puro simbolismo (Alegorismo).
“Então, Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que lançam mão da espada, à espada perecerão”. (Mateus 26:52)
Cristo não fez apologia ao Pacifismo, mas, simplesmente, falou que os violentos sofrerão violência. Se Pedro tivesse matado Malco, ele seria punido com a morte pelo Estado Romano e Jesus quis impedir que isso acontecesse. O próprio Cristo ordenou a Pedro para que ele comprasse aquela espada. Jesus devia cumprir com a profecia a seu respeito e Pedro quis impedir o cumprimento dessa profecia. Jesus não disse para Pedro jogar a espada fora, mas apenas para guardá-la. Paulo reconhece que o Estado tem o poder da espada (Machaira) para castigar os malfeitores (algo concedido e autorizado por Deus).
“E saberá toda esta congregação que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, e ele vos entregará na nossa mão”. (Samuel 17:47)
Quando Davi afirmou que do Senhor é a guerra, ou seja, de que a batalha pertence ao Senhor, ele quis dizer que nós, servos de Deus, devemos confiar no Altíssimo e não em nossa própria força ou em armas bélicas; entretanto, em nenhum momento, ele hesitou lutar contra Golias por causa disso, porque ele confiava no Senhor dos Exércitos.
Sobre os juramentos (como o Juramento à Bandeira), Jesus Cristo não condenou totalmente os juramentos. O que Jesus condenou foram às pessoas que não têm palavra, e precisam se garantir em juramentos para os outros acreditarem que elas estão falando a verdade. Algumas Confissões de Fé protestantes explicam bem sobre isso. Não há problema algum em fazer juramentos honrados em nome da paz, da justiça e do amor.
A "visão" que o mundo e a Igreja têm de Jesus é totalmente distorcida do Jesus verdadeiro revelado nas Escrituras. As pessoas enxergam Jesus como um tipo de "Hippie" (paz e amor), um "grande pacifista" (que não tem senso de justiça e que pregou a omissão e a apatia diante do mal), ou o "Bob Marley" (o que importa é que as pessoas sejam felizes e não o que a Bíblia ensina), menos o Messias relatado na Bíblia. O Jesus da Bíblia era desbocado (Ele era boca suja mesmo). O Jesus da Bíblia se indignava com as coisas erradas e criticava as injustiças que o povo sofria. O Jesus da Bíblia xingava, insultava e ofendia os fariseus e os saduceus (os religiosos hipócritas e falsos moralistas da época). O Jesus da Bíblia tinha compaixão pelos "pecadores" e amava os desamparados e os oprimidos. O Jesus da Bíblia elogiou a fé e a integridade de um militar, mas desprezou a religiosidade hipócrita e o falso moralismo dos fariseus. O Jesus da Bíblia era conhecido como o "AMIGO DAS PROSTITUTAS" (o amigo das "putas" mesmo). O Jesus da Bíblia comia e bebia com os "pecadores", porque Ele era o "AMIGO DOS PECADORES". O Jesus da Bíblia (segundo os fariseus) tinha o Diabo no corpo, porque Ele expulsava os demônios em nome de Belzebu. O Jesus da Bíblia pegou um chicote nas mãos e desceu a chicotada nos cambistas e saiu chutando as mesas lá no Templo de Jerusalém. Viram como o Jesus da Bíblia é um "Hippie e grande pacifista"? Quando uma mentira é repetida mil vezes (como se fosse um mantra), ela se torna numa "verdade". Assim, se constrói uma construção ideológica.
AUTOR: Filipe Levi Viasoni da Silva, historiador e professor de História.